sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O que acontece com nossos jovens??

Estou perplexa e assustada. Desde ontem não consigo tirar do pensamento uma pergunta insistente: que motivos um garoto de dez anos teria para tirar sua própria vida? Uma criança?!!!


Nesse exercício de reflexão, busquei em minha memória quais eram os meus maiores motivos de preocupação nessa idade e, as poucas coisas que me ocorreram foram as provas escolares, além de algum brinquedo ou passeio que por ventura me despertava interesse. E só!

Como expectadora de uma novela sem final feliz, me pego consumindo freneticamente notícias sobre o desenrolar da tragédia, na esperança de encontrar um motivo ou explicação que sirva de alento. Visivelmente perdida, a imprensa especula sobre um provável bullying. Será que não se está dando um valor exacerbado a essa palavrinha esquisita que já virou bordão? Será que não estamos simplificando demais as coisas?

Assim como milhares de estudantes de minha geração, fui vítima de apelidos, entre os quais destaco “Cacique Juruna” – por conta do meu corte de cabelo (obrigada mãinha!) e “Amélia Bicuda” - repórter interpretada numa novela pela atriz Cissa Guimarães, em alusão à minha clássica característica de fazer bico ao menor sinal de contrariedade. Recordo ainda que também fui vítima de um aluno mais velho que ameaçava me bater e me causava constrangimentos constantes, ao ponto de eu me retrair e necessitar da intervenção do meu pai. No entanto, nenhum desses infortúnios me provocou pensamentos destrutivos ou acarretou em traumas na vida adulta.

Já o que vemos hoje são alunos atirando contra professores, colegas se esfaqueando na hora do recreio e atiradores matando a esmo. Alguns sob a justificativa de traumas presentes ou passados, nos quais a palavra bullying é recorrente.

Creio que o problema seja mais profundo. Casos como o desse garoto e tantos outros que invadem nossas casas, diariamente, através dos noticiários, me fazem refletir o quanto a nossa sociedade está doente, em como a vida virou produto descartável e desvalorizado. Não consigo imaginar o que passa na cabeça de quem tira a vida de um ser humano, muito menos a de si mesmo em tão tenra idade. Que aflição é essa? Que desapego é esse? Que dor irreparável é essa? Por que o fim absoluto tem sido usado, tão constantemente, como a saída mais viável? Nossos jovens estão deprimidos? Nossa sociedade está deprimida? Onde foi parar o amor à vida?

Como mãe, a primeira coisa que me toma de assalto é o desejo imediato de correr para o lado de minha cria, largar tudo em função de mimá-la e acompanhá-la 24 horas por dia, numa tentativa (ingênua certamente) de protegê-la de assédios, más companhias, desamparo, bullying e etcéteras. Imediatamente me ocorre que essa saída também não funcionaria, pois, tantos e quantos jovens já não cometeram desatinos semelhantes sob a suposta alegação de sentirem-se tolhidos e “sufocados” pelos pais?!

Infelizmente não tenho resposta e continuo profundamente chocada e triste pelas inúmeras famílias que sofrem e pelos sem número de “futuros” que não se concretizam. Nossa sociedade está doente, nossas famílias estão gritando por socorro. Se alguém por acaso souber por onde devemos começar pra desarmar essa bomba relógio, por favor, me avise e já.