terça-feira, 22 de novembro de 2011

Momento Lúdico

Minha pequena princesa completou dez meses no último domingo e quem ganhou o presente fui eu...
Levei-a para assistir a uma peça voltada para bebês, chama De Sol, de Céu e de Lua, de um grupo daqui da Bahia, e fiquei encantada! Impossível não embarcar na ludicidade do momento e, nem que seja por alguns minutos, esquecer da vida prática e todas as suas implicações.
Mais comovente ainda, foi ver o espetáculo pelos olhinhos curiosos e atentos do meu bebê, que a cada dia, amplia seu repertório de vivências, conquista um pouquinho mais de independência e me estimula a ser uma pessoa melhor!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Borboletas

Toda vez é a mesma coisa: basta se aproximar a data de viajar e começam as borboletas no estômago. Comida não desce direito, sono não vem, cabeça meio zonza, mal estar...
Ai, ai...Parece que estou indo pra Marte!
A ansiedade é um bichinho perverso.
Passo horas divagando como vai ser a viagem, como Bella vai se comportar, se ela vai gostar. Qual será a reação dos vôs, vós, tios...
O que me consola é saber que, em algumas horas, as borboletas baterão em revoada. Estaremos em Natal curtindo parentes e amigos, seguindo pra Mossoró. Serão quatro dias de borboletas adormecidas.
Mas na quarta-feira, de madrugada, elas votam a me visitar!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tá Ficando Chato

Renato Rocha Miranda/Divulgação/TV Globo

Concordo absolutamente que humoristas que apelam para o grotesco como o tão falado Rafinha Bastos precisam de limites. Já estava mais do que na hora de ele levar um cartão vermelho, o que só aconteceu quando mexeu com gente realmente poderosa, em termos de mídia e publicidade como a Wanessa Camargo - leia-se seu marido e o sócio fenomenal. Pena que, mesmo depois de tantos comentários infelizes a mídia ainda continue a repercutir o desdobramento de cada babaquice do ilustre "humorista", que assim fica cada dia mais famoso.
Agora, essa onda de patrulhamento "politicamente correto" da mídia que tem ocorrido ultimamente já está ficando chato. Primeiro a propaganda de lingerie com a Gi (Bundchen, minha amiga, hahah), sob o pretexto de que é agressiva à mulher. Depois o quadro do Programa Zorra Total (que também não sou fã) onde Valéria e Janete se espremem num vagão de metrô enquanto abordam situações hilárias entre um travesti e uma feiosa burrinha, por mostrar de forma bem humorada um problema comum nos trens urbanos que é o assédio a mulheres e etc. Por último, a novela das 21h. Querem dar um freio no personagem interpretado por Alexandre Nero que, na trama, humilha e bate na mulher Celeste, vivida por Dira Paes. Segundo o site da Folha de S. Paulo http://f5.folha.uol.com.br/televisao/986471-depois-de-comercial-de-gisele-ministra-quer-opinar-em-novela.shtml a Secretaria de Políticas para as Mulheres, em contato com a Rede Globo, sugere que Celeste procure a Rede de Atendimento à Mulher, por meio do telefone 180. Sugere ainda que, diferentemente de casos anteriores, em que o agressor é apenas punido, que Baltazar seja encaminhado aos centros de reabilitação previstos na Lei Maria da Penha!!
Tá demais, né? Se é pra ligar a TV pra assistir unicamente programas condizentes com a realidade e o politicamente correto, vamos tirar logo do ar todos os filmes de guerra, ação policial e congêneres, pois os mesmos são um incentivo à violência!
Façam-me o favor!!! Será que não temos algo mais importante e urgente com o que nos ocupar? Está-se partindo do pressuposto de que o cidadão brasileiro é completamente desprovido de senso crítico ou até mesmo de discernimento entre o real e fictício. Pior, que ele é incapaz de usar o controle remoto e mudar de canal quando é exposto à programação em desacordo com suas convicções familiares!Daqui a pouco vou ser proibida aconselhada a suspender a veiculação do DVD da Turma da Galinha Pintadinha lá em casa. Afinal, uma das músicas que minha filha mais ama tem a seguinte letra:


A Galinha Pintadinha/E o Galo Carijó
A Galinha usa saia/E o Galo paletó
A Galinha ficou doente/E o galo nem ligou
E os Pintinhos foram correndo/Pra chamar o seu doutor
O doutor era o perú/
A enfermeira era o urubu
E a agulha da injeção, era a pena de um pavão

Pela ótica vigente, essa música é um atentando às famílias e à segurança infantil. A relação entre a galinha e o galo está claramente comprometida e denuncia uma família desestruturada, uma vez que a penosa fica doente e seu marido não lhe dá a mínima. Os filhotes, por sua vez, assumem precocemente uma responsabilidade enorme, ao se verem obrigados a procurar, por conta própria, atendimento médico para sua pobre mãe. Já os médicos, apresentam claro despreparo. Como pode se usar como agulha de injeção uma pena de pavão?! E se essa pena não for descartável??? 
Huauaua!!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O que acontece com nossos jovens??

Estou perplexa e assustada. Desde ontem não consigo tirar do pensamento uma pergunta insistente: que motivos um garoto de dez anos teria para tirar sua própria vida? Uma criança?!!!


Nesse exercício de reflexão, busquei em minha memória quais eram os meus maiores motivos de preocupação nessa idade e, as poucas coisas que me ocorreram foram as provas escolares, além de algum brinquedo ou passeio que por ventura me despertava interesse. E só!

Como expectadora de uma novela sem final feliz, me pego consumindo freneticamente notícias sobre o desenrolar da tragédia, na esperança de encontrar um motivo ou explicação que sirva de alento. Visivelmente perdida, a imprensa especula sobre um provável bullying. Será que não se está dando um valor exacerbado a essa palavrinha esquisita que já virou bordão? Será que não estamos simplificando demais as coisas?

Assim como milhares de estudantes de minha geração, fui vítima de apelidos, entre os quais destaco “Cacique Juruna” – por conta do meu corte de cabelo (obrigada mãinha!) e “Amélia Bicuda” - repórter interpretada numa novela pela atriz Cissa Guimarães, em alusão à minha clássica característica de fazer bico ao menor sinal de contrariedade. Recordo ainda que também fui vítima de um aluno mais velho que ameaçava me bater e me causava constrangimentos constantes, ao ponto de eu me retrair e necessitar da intervenção do meu pai. No entanto, nenhum desses infortúnios me provocou pensamentos destrutivos ou acarretou em traumas na vida adulta.

Já o que vemos hoje são alunos atirando contra professores, colegas se esfaqueando na hora do recreio e atiradores matando a esmo. Alguns sob a justificativa de traumas presentes ou passados, nos quais a palavra bullying é recorrente.

Creio que o problema seja mais profundo. Casos como o desse garoto e tantos outros que invadem nossas casas, diariamente, através dos noticiários, me fazem refletir o quanto a nossa sociedade está doente, em como a vida virou produto descartável e desvalorizado. Não consigo imaginar o que passa na cabeça de quem tira a vida de um ser humano, muito menos a de si mesmo em tão tenra idade. Que aflição é essa? Que desapego é esse? Que dor irreparável é essa? Por que o fim absoluto tem sido usado, tão constantemente, como a saída mais viável? Nossos jovens estão deprimidos? Nossa sociedade está deprimida? Onde foi parar o amor à vida?

Como mãe, a primeira coisa que me toma de assalto é o desejo imediato de correr para o lado de minha cria, largar tudo em função de mimá-la e acompanhá-la 24 horas por dia, numa tentativa (ingênua certamente) de protegê-la de assédios, más companhias, desamparo, bullying e etcéteras. Imediatamente me ocorre que essa saída também não funcionaria, pois, tantos e quantos jovens já não cometeram desatinos semelhantes sob a suposta alegação de sentirem-se tolhidos e “sufocados” pelos pais?!

Infelizmente não tenho resposta e continuo profundamente chocada e triste pelas inúmeras famílias que sofrem e pelos sem número de “futuros” que não se concretizam. Nossa sociedade está doente, nossas famílias estão gritando por socorro. Se alguém por acaso souber por onde devemos começar pra desarmar essa bomba relógio, por favor, me avise e já.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

QUERO CRER

Deu no noticiário local:

Os estabelecimentos comerciais em Salvador serão obrigados a utilizarem sacolas plásticas oxi-biodegradáveis. O projeto de lei foi aprovado, por unanimidade, na noite desta terça-feira, no mutirão de votações da Câmara Municipal. A embalagem apresenta degradação inicial por oxidação, é acelerada por luz e calor, e passa a ser biodegradada por microorganismos e resíduos finais não eco-tóxicos. A nova lei aguarda apenas a sanção do prefeito João Henrique para entrar em vigor. Os estabelecimentos terão prazo de um ano, a contar da data de publicação da lei, para substituir as sacolas comuns. 

A iniciativa é louvável, quero ver mesmo é a prefeitura estabelecer os mecanismos de fiscalização pra fazer cumprir a lei. Ao que bem conheço o estilo de administrar de nosso alcaide, terá o mesmo destino da lei que disciplinava a carga e descarga em horário comercial, bem como a que proibia o educadíssimo soteropolitano de urinar nas ruas: saiu do nada e chegou a lugar nehum!

Preocupante

Notícia do jornal A Tarde...


Salvador teve 63,8 mil crimes contra o patrimônio entre janeiro de 2009 e abril deste ano, segundo informações da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP). O dado leva em conta a quantidade de roubos a carros, assaltos a transeuntes e invasões de residências, em 28 meses, com uma média diária de 68 ocorrências. Os números referem-se, exclusivamente, a ataques de bandidos armados. A Área Integrada de Segurança Pública que abarca Itapuã, Stella Maris, Piatã, Alto do Coqueirinho, Bairro da Paz e região do aeroporto é o setor mapeado pela SSP onde mais ocorreram assaltos. Na região, mais de 7 mil pessoas foram atacadas por criminosos armados no período.

Moro em Piatã, uma das regiões mais afetadas, segundo o texto acima. Coincidentemente, justo no dia dessa notícia, soube que o supermercado Hiper Ideal, aqui bem próximo de casa (e frequentado por meu marido e eu) foi assaltado por um bando armado, em plena luz do dia! Por outro lado, não dá nem pra se estabelecer parâmetros adequados diante do problema. Pra onde se olha, se vê notícia de violência, seja em nosso bairro, nossa cidade, estado ou no Brasil inteiro! As ações de repressão à violência estão sendo tomadas mas, infelizmente, parece que andam longe de acontecerem na velocidade e proporção que o cidadão brasileiro realmente necessita! 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Uma Luz no Fim do Túnel?!

Em meio a tantas notícias de corrupção e desmandos políticos escancarados, matérias como a publicada na revista Veja da semana passada (reproduzida abaixo) servem de alento (embora ainda gerem certa estranheza) e nos dão uma pontinha de esperança num futuro melhor...

Olho nesse homem!!




José Reguffe dispensa benefícios que oneram os cofres públicos. Sim, ele existe.


José Antônio Reguffe, de 38 anos, foi o deputado federal mais bem votado do país em termos proporcionais. Escolhido por 266.465 eleitores, o equivalente a quase 19% dos que foram às umas no Distrito Federal, ele superou fenômenos televisivos, como Tiririca, e integrantes de clãs políticos tradicionais.

No primeiro dia de trabalho, o parlamentar expediu seis ofícios à diretoria-geral da Câmara. Abriu mão do 14° e do 15° salários reduziu o número de assessores no gabinete, cortou gastos com salários de assessores e diminuiu sua verba de atividade parlamentar. Como morador de Brasília, naturalmente também abriu mão do auxílio-moradia e das passagens aéreas.

As medidas resultarão em uma economia de 2,4 milhões de reais nos próximos quatro anos. Se elas fossem seguidas por todos os 513 deputados, a economia chegaria a 1,2 bilhão no mesmo período. Reguffe tomou medidas idênticas quando exerceu o mandato de deputado distrital em Brasília. Além de ter demonstrado que é possível um parlamentar trabalhar sem mordomias em excesso, o deputado brasiliense teve uma votação que prova como isso está em sintonia com o que pensa o eleitor.

QUINZE SALÁRIOS

O primeiro ofício que José Antônio Reguffe enviou à diretoria-geral da Câmara foi para pedir que não fossem depositados em sua conta os dois salários que os depurados recebem anualmente chamados de “ajuda de custo”. Trata-se, na prática, de um 14° e um 15° salários, de 26.723,13 reais cada um. Ao longo dos quatro anos de mandato, a medida levará a uma economia de 213.785,04 reais para a Câmara.

“Esse foi um compromisso com meu eleitor. Não acho que seja correto que um deputado tenha direito a salários extras. Todo trabalhador recebe treze salários por ano. Portanto, nada mais lógico que um representante desse trabalhador também receba apenas treze salários por ano. É o justo.”

COTA PARLAMENTAR

A Câmara criou uma cota para custear todos os gastos dos parlamentares com seu trabalho. Com valores que vão de 20.030 a 34.000 reais mensais, o dinheiro deveria ser usado para pagar despesas com passagens aéreas, selos, telefone, combustível, aluguel de carros e pagamento de consultorias. Como a fiscalização é muito frouxa, são frequentes os indícios de uso irregular.

Reguffe pediu que sua cota fosse reduzida de 23.030 reais para 4.600 reais. Em quatro anos, a economia com a medida será de 884.640 reais.

“Esse valor de 23.030 reais é exorbitante, excessivo. O mandato parlamentar pode ser exercido com qualidade a um custo bem menor para os contribuintes. Pela minha experiência na Câmara Legislativa, acho que 4.600 reais é um valor satisfatório. É suficiente para manter o gabinete funcionando bem.”

VERBA DE GABINETE E ASSESSORES

Os deputados têm direito a 60.000 reais para contratar até 25 assessores para seus gabinetes. Reguffe estabeleceu junto à direção da Câmara que terá no máximo nove assessores e que não gastará mais que 48.000 reais com os vencimentos, uma redução de 20% na verba. Só com os salários, a economia será de 624.000 reais ao longo dos quatro anos. Mas ainda há o enxugamento de benefícios. Apenas com vale-alimentação dos dezesseis funcionários que não serão contratados, a Câmara economizará 514.560 reais até 2014.

“O número de assessores a que um parlamentar Tem direito é excessivo. Nós precisamos de bons Técnicos para exercer um mandato digno. Agora, 25 assessores. Se todo mundo vier trabalham; o gabinete não comporta nem a metade. É um gasto que parece servir como uma espécie de estatização de cabos eleitorais. Eu tenho um gabinete que vai me servir bem, que vai me dar amparo, sem precisar de tanta gente.”

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Resposta ao Victor...

Caro Victor,

Até agora estou perplexa em ver como uma postagem de tanto tempo atrás está causando tamanha repercussão e só agora...
Não sei se o senhor já conhecia meu blog, mas se o ler um pouco mais, verá que faço comentários sobre coisas do cotidiano sob um ponto de vista absolutamente particular e bem-humorado, mas sem intenção de ofender a ninguém. Sou norte-rio-grandense, conheço muito bem Alexandria e a fama do seu carnaval, que por sinal tive a oportunidade de desfrutar em minha adolescência. E é justamente por conhecer e amar a nossa terra, que acho que poderíamos valorizar muito mais a nossa cultura regional (que é tão rica), sem precisarmos nos render demasiadamente a modismos que nos chegam sabe-se lá de onde e nos são impostos goela abaixo. Prefeiro mil vezes um bom forró pé de serra de nossa terra do que trezentos carnavais fora de época, seja lá em que cidade for...


Não sou leviana nem esnobe pra falar mal de minha terra e meu povo que tanto amo. Falo sobre o que conheço e apenas registro coisas que me chamam a atenção, independente de por onde esteja passando, e creio que deva ser respeitada em minha liberdade de expressão e não ofendida como tenho sido nos últimos dias por pessoas que sequer conheço.

Quanto ao senhor, respeito seu ponto de vista e agradeço pelo tom moderado com o qual me tratou. O seu comentário será devidamente postado.

Atenciosamente,
Andréia Paiva.

ESCLARECENDO: Resposta ao leitor que postou comentário referente a uma postagem de Julho de 2009 (Babaquice Indoor) que, não sei por qual motivo está causando uma verdadeira celeuma em pleno janeiro de 2011!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Baiano não Nasce...

Estréia!!!

 O que era pra ser uma quinta-feira como outra qualquer acabou virando uma grande aventura. Há exatos oito dias Emerson e eu entramos no auditório da Maternidade Santamaria para assistir ao curso de gestantes. Em meio a tanto esímulo visual, minha bolsa resolveu estourar ali mesmo, em pleno auditório! Foi um tal de enefermeira correndo pra um lado, barrigudas chorando pro outro...
Sem dúvidas, contribuímos bastante pra enriquecer uma aula que, até então, só nos tinha apresentado experiências teóricas (rsrs)!
E desse compromisso matinal, só saímos 48 horas depois com nossa bela e doce Anabella nos braços...


 


Nascida às 20:15 do dia 20/01/2011, de parto normal, pesando 3,150kg e medindo 45cm.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Salvem Salvador!!

Saiu no Portal Terra. 

Concordo e lamento muitíssimo!

Domingo, 2 de janeiro de 2011, 08h45

Salvador tumultuada

João Carlos Teixeira Gomes
Do Rio de Janeiro 

Em meu último artigo (no jornal A Tarde), prometi que completaria minhas impressões da bela Turquia, mas fiz então nova viagem, dessa feita à Polônia, e, no retorno, demorei-me cerca de um mês em Salvador. Confesso que não gostei do que vi. Sem meios-termos, devo dizer que a cidade me pareceu tumultuada e, em alguns aspectos, em processo de degradação urbana.
Possuo meus próprios critérios de investigação e o mais óbvio é ouvir taxistas sobre a atuação dos governantes. Posso garantir que em Salvador Jaques Wagner (a reeleição já o havia provado) está em alta, mas o prefeito João Henrique recebeu condenação unânime. E não só entre os taxistas: o povo nas ruas o desaprova. Muitas pessoas me disseram que hoje ele não mais se elegeria. Não foi à-toa que foi escolhido o pior prefeito do Brasil.
Várias são as críticas ao prefeito, a maioria se concentrando no problema do metrô. Não custa lembrar que esse foi um reiterado item de campanha eleitoral, sempre descumprido. Há um detalhe que não pode ser omitido: Salvador talvez seja a única cidade do mundo em que o metrô, em vez de ser subterrâneo ou de superfície, é aéreo! Refiro-me, obviamente, à inconcebível linha do Bonocô. Abro meus artigos para alguém que possa me explicar por que, com tantos espaços nos canteiros das avenidas de vale, Salvador teve que construir uma longa linha de metrô elevado, montado sobre pilares e estruturas custosas.
É claro que João Henrique não pode ser responsabilizado por essa parte das obras, anteriores à sua administração, mas a ineficiência com que vem se conduzindo em relação ao resto do percurso e ao início do funcionamento do modesto trem urbano da Bahia é espantosa. Vários cidadãos me disseram: ele exibiu os vagões nos trilhos para se reeleger e depois deu sumiço em todos! Mas não é só isto: a desordem das construções na capital baiana é evidente. A orla marítima, urbanizada pelo pai do atual prefeito, está tomada pelo mato alto e horrendas construções em decadência, com destaque para o constrangedor monstrengo visual em que se transformou o Aeroclube Plaza. Em qualquer outra cidade do mundo, a prefeitura zelaria para que fosse a mais bela e nobre das áreas urbanas, à beira-mar plantada. Na Bahia, virou o símbolo da desorientação e da ineficiência administrativa.
Zonas de densa vegetação são hoje devastadas com o consentimento da prefeitura, tal como ocorreu com o Horto Florestal (li protestos em "A Tarde), para dar lugar a gigantescos espigões, que, aliás, marcam agora, na atual gestão municipal, todos os pontos da cidade, gerando um aspecto atordoante para o visitante e torturante para o morador. Que será do futuro da cidade diante desse caos anunciado? O que a Bahia tem hoje de melhor deve exclusivamente à iniciativa privada, a exemplo do magnífico Salvador Shopping e outras obras enriquecedoras do tecido urbano, responsáveis pela dinamização dos acessos viários, pois a prefeitura, no particular, já no segundo mandato de João Henrique, nada fez de significativo. Não foi capaz sequer de aperfeiçoar o escoamento do tráfego que sai do shopping na direção da Avenida Tancredo Neves, outra área prematuramente degradada, pois, longe de ser a grande avenida de convivência social da Bahia moderna, é apenas uma estrada de rodagem de segunda categoria, frequentemente tumultuada (como toda a cidade) por um tráfego desordenado e infernal.
João Ubaldo Ribeiro me confessou que não vai mais à Bahia porque não há mais ruas para andar. Acha que a cidade ficou intransitável. Salvador não é mais uma cidade para pedestres.
Não espanta que o Tribunal de Contas tenha rejeitado, unanimemente, as contas de João Henrique. Em suma, o prefeito, do qual tanto se esperava como liderança política nova, paga hoje o preço de ter eliminado da sua convivência elementos que foram decisivos para a sua condução ao poder e seriam relevantes, sem dúvida, para o seu desempenho. Mal dirigida, a nau municipal afunda, com a cidade levada no torvelinho do caos urbano e da falta de planejamento.

João Carlos Teixeira Gomes é escritor, jornalista e membro da Academia de Letras da Bahia. É autor de "Gregório de Mattos, o Boca de Brasa", "Glauber Rocha, esse vulcão", "Memórias das Trevas" e "Assassinos da Liberdade".