quinta-feira, 21 de outubro de 2010

CONTRASENSO...

Será que é preciso alguém dizer ao Ibama que um animal que está há 26 anos na convivência de uma família estará melhor com ela do que sendo solto sem a menor possibilidade de sobrevivência na natureza? Onde está o bom senso?! Ao invés de apavorarem as famílias com a possibilidade da perda de um ente amado (porque eles viram membros da família. Tenho gato e cachorro e sei como e) o órgão deveria focar esforços no combate ao tráfico e venda de animais silvestres, isso sim um problema grave que deve ser combatido.
Palmas para a Justiça que conseguiu ler através das frias entrelinhas da lei.

Notícia do site da Folha de São Paulo deste dia 21/10/2010 - 08h07.

Socióloga vai à Justiça em SP para ficar com papagaio epiléptico


ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) é uma ave comum no Brasil. Soró, morador de Moema (zona sul de São Paulo), faz parte dessa espécie, mas não merece o adjetivo. Portador de epilepsia, doença rara para um papagaio, Soró tornou-se alvo de uma disputa judicial entre a socióloga Tânia de Oliveira, 63, e o Ibama de São Paulo. Este mês, a Justiça deu razão à mulher em caráter liminar. A decisão final, porém, não tem data prevista para ocorrer e Soró ainda não tem seu futuro definido. 

O Ibama determinou no mês passado a entrega da ave porque, segundo ele, as normas brasileiras não permitem mais a criação dessa espécie em cativeiro. O órgão sabia da existência da ave porque, desde 2002, por força de uma nova lei à época, a socióloga teve de pedir ao Ibama autorização para criar Soró em casa. Agora, porém, a ordem é entregá-lo ao Ibama, pois a lei não permite mais que a ave viva em cativeiro. Soró vive com os Oliveira há 26 anos. Tânia o herdou em 1997 e, desde então, passou a tratar a ave como membro da família. Chega a levá-lo em viagens que faz. O papagaio-verdadeiro chega a viver 80 anos. O papagaio chega a desmaiar quando tem convulsões. Por isso, o viveiro dele tem uma tela especial para que ele não caia no chão e se machuque. Soró fala o nome de todos da família, além de repetir frases inteiras.

SACRIFÍCIO

A possibilidade de entregar a ave tornou-se impensável para a família Oliveira porque no documento do Ibama, segundo os advogados, está escrito que o papagaio Soró deve ser entregue para "ser sacrificado, se doente, ou entregue à natureza, sendo sadio". "Seria um desastre", disse o advogado Mauro Russo. A assessoria do Ibama disse ontem que não havia um técnico que pudesse falar desse caso específico. A juíza federal Tânia Lika Takeuchi, substituta da 6ª Vara Federal Cível, concordou com os argumentos do advogado para suspender temporariamente a entrega. "A medida adotada pelo Ibama mostra-se desarrazoada na medida em que não traz qualquer benefício ao meio ambiente ou ao animal", diz trecho da decisão. Para o veterinário Ygurey Tiaraju Elmano de Oliveira, especialista em papagaios, a melhor decisão da Justiça seria manter a ave onde está, porque o papagaio Soró não consegue mais viver na natureza sozinho. "A gente sabe, por pesquisas científicas, que eles são animais que sonham, têm memória, têm uma certa consciência. Têm estresse e até depressão", disse. "Nestas circunstâncias, não é saudável essa quebra de vínculo nem para o humano nem para a ave", disse.

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